Ontem resolvi fazer gazeta, como dizem os miudos
Apesar do mau tempo, do frio e da chuva, resolvi ir ver o mar.
O mar sempre me acalma, ajuda-me a ver as coisas com mais lucidez.
Fechei o meu espaço e rumei até à Ericeira. Gosto de sentir o ar frio a bater-me no rosto, de ver o mar revolto a bater nas rochas. Aproveito para pedir as ondas que levem os meus pensamentos menos felizes.
Enquanto o contemplava, pensava.
Recordei varios fins de semana que habitualmente ali passo com a familia e amigos.
Pensei nos meus filhos.
E talvez por associação de ideias recordei uma tarde em que a professora do meu filho mais novo, o Ricardo, me comunicou que ele andava a fazer gazeta.
Resolvi ter uma conversa com ele.
Amigavel, porque ainda me recordava de uma altura em que tambem eu fizera gazeta à escola. Em vez de ir para o liceu, resolvi ir passear com umas colegas da minha turma.
Para mal dos meus pecados fui descoberta e levei uns tabefes valentes, o meu pai era raro bater, mas quando batia, era "generoso".
Pois eu não ia bater , nem ia ralhar, iamos apenas conversar como amigos. Informei o meu filhote que iamos ter uma conversinha.
Ele baixou a cabeça, e eu comecei a debitar o meu discurso, cuidadosamente preparado.
O bom do Ricardo permanecia de cabeça baixa.
Eu estava contente, achava que ele estava a interiorizar o que eu dizia, de cabeça baixa, sem retorquir. Pensei que o meu discurso estava a ser feito na hora "H".
Mas aquele silencio estava a ser demais e interroguei-o se não concordava comigo, perguntei o que ele pensava.
E nisto...ouço...ROOOOMMMMMMMMM...sim...um ronco.
O meu filho tinha adormecido enquanto escutava a minha prelecção!!!
Adeus hora "H", adeus interiorização...
Exitei entre dar-lhe um grito ou um abanão. Optei por o tapar e deixar dormir, mais tarde teriamos a tal conversa com um tema mais extenso, a duplicar.
E dou-me conta que estou a sorrir.
E enquanto escuto o vento e vejo a chuva cair, continuo a sorrir às minhas memórias, doces memórias.
3 comentários:
Porque recordar é viver...
Eu já conhecia esta conversa entre mãe e filho...lol...O Ricardo, homem de rosto sóbrio e sorriso de menino... Saudades...
Beijo azul...Sempre!
Ola
belo texto, belo blog.
parabens, belo blog
abraços e sucesso
A Ericeira e o mar me trazem recordações tão boas , daquelas que não voltam nunca mais.
Passei as férias da minha juventude aí, na praia do hotel.
passávamos férias na Quinta do Barril, ao pé da Fonte -Boa-dos-Nabos, sabes onde é?
Na altura parte da quinta pertencia à Guerin, era como se fosse a colonia de férias dos trabalhadores dessa firma.
Há uns 9 anos recebi o convite de uma amiga minha que ia fazer a festa de batizado da filha lá na quinta.
Deixei a festa e percorri todos os cantos daquela quinta ...que saudade... até as lágrimas vieram aos olhos.
Que bom é recordar, beijinho
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