""Eu segurei muitas coisas em minhas mãos e eu as perdi; mas tudo que eu coloquei nas mãos de Deus eu ainda possuo." Martin Luther King

A minha casa tem mais um habitante

Bem há muito que não conto as minhas aventuras.
No sábado bati com o carro. Nada grave, a culpa até não foi minha... foi do nevoeiro...a estacionar não vi um pilar!!! Então como o carro estava na oficina, à noite resolvi fazer o percurso para casa a pé. Normalmente demoro 20 minutos de carro, pensei que ia ser rápido. No inicio foi muito agradavel. Estou habituada a fazer caminhadas, caminho diariamente 1 hora, de manhã. Gosto de sentir o frio no rosto e enquanto caminhava, apercebi-me como há belas lojas, lindamente enfeitadas, no meu percurso, de carro nem me apercebo, e pensei mais uma vez como adoro o natal. Este ano vai ser diferente, pela primeiro vez desde há algum tempo tenho os filhos comigo. O ano passado um dos meus filhos estava em Timor. Este ano com a familia reunida vai ser uma alegria, principalmente para as crianças. A meio do caminho já estava "com a lingua de fora", exausta. Não me tinha apercebido que afinal a distancia é enorme, e caminhar ao fim de um dia de trabalho.,com a mala ao ombro, não é o mais saudavel. Já estava arrependida, não quis dar parte de fraca, mas apercebi-me que realmente já não tenho 20 anos. Ao atravessar o jardim, parei, fingi que estava a admirar as arvores, mas na verdade estava a tentar recuperar o folego. Retomo o caminho e tropeço numa coisinha que mexe débilmente, na beirinha do passeio. Um gatinho. Pequenino, lindo, enregelado, quase inerte, coitadinho.
Que fazer? Já tenho a minha cadelinha Becas. Se o levo vai haver guerra certamente, pensei.
Se fica ali, morre. Por outro lado os garotos vão adorar. E eu estou cheia de pena dele, ali abandonado, tão frágil e pequenino, numa noite tão fria! E ele a olhar-me com olhos ternos e mortiços, a dizer, leva-me contigo, tem dó de mim... Tirei o cachecol do pescoço, e, finalmente, chego a casa com o meu pequeno tesouro bem embrulhadinho. Coitadinho estava esfomeado, bebeu um leitinho morninho, sob o olhar atento da Becas que nem teve ciumes, dava ao rabinho e lambio-o toda contente, instinto maternal, embora não tenha tido filhotes. E pronto, a minha casa tem mais um habitante. Lá fui dar o passeio habitual com a Becas, que não se compadeceu do meu cansaço, saltava á minha frente, feliz, e eu com o gatinho ao colo, bem embrulhadinho e quentinho. Sei que como se costuma dizer, fui arranjar lenha para me queimar, mais trabalho e despesas. Mas estou feliz, valeu a pena a caminhada nocturna, nada acontece por acaso. Enquanto escrevo a Becas dorme com o gatinho, que ainda não tem nome, bem aninhado junto dela, que delicia, e eu estou feliz.
Fiz a minha boa acção do dia. Em miuda pertenci aos escuteiros. O nosso lema era diáriamente praticar uma boa acção. Hoje cumpri.

14 comentários:

Moon disse...

Mas é claro que a culpa não foi tua!!!!!!!!!!!!!!!!!
Da outra vez que meteste a 1ª em vez da marcha atras e ias esborrachando o carro de encontro à parede, a culpa tambem foi minha que distrai!!!!!!!!!!!
Sem comentários!!!!!!!!!!!!!!!

Minha amiga, foi assim que tambem tenho um cão e um gato, ambos estavam abandonados, e como sabes dão-se lindamente, melhor que muitas pessoas. E os teus garotos vão adorar sem duvida.
Desejo-te uma noite feliz, cuida-te
Beijos
Moon

Cris França disse...

Maysha, já dizia a minha vó

não tem recompensa maior, meu bem
que fazer o bem a alguém

um beijão

Bloguinho da Zizi disse...

Que bela história.
Tudo tem um porque nesta vida e o teu porque era um gatinho perdido no frio a espera de amor, carinho, colinho, leitinho quente e a Becas pra companhia.
Perfeito, como tudo na vida.
beijinhos quentinhos

*Lisa_B* disse...

Amiga linda:-)
nem imaginas como gostei de te ler aqui nesta cena comovente.Adorei o desenrolar das palavras que quase esqueci o problema do arranjo do carro.
Foi o gatinho que te chamou sem saberes...ele estava ali à tua espera:-)
Foi assim que eu fiquei com 30 alminhas:-)
O Bruno ficou emocionado ao ler o texto e saber que o recolheste, é que ele sofre demais quando as pessoas abandonam os animais.
Ele já está aqui a tentar baptiza-lo ehehe.
Beijinhos amiga com o nosso carinho

Sonia Schmorantz disse...

Eu vivia adotando bichinhos, aliás se pudesse faria até hoje, meus limites que não permitem, rss
beijos

Sonia Schmorantz disse...

Quando criança, minha mãe já ficava alarmada, quando a gente dizia que tinha visto um bichinho e que tinha pena, ela sabia que a gente ia adotar mais um, e nem ela tinha coragem de dizer não...o olhar deles cativa!
beijos

Estela disse...

Adorei esta história.
O gatinho estava a tua espera, isto é sexto sentido.
Bjs.

EDUARDO POISL disse...

Passando para te desejar um lindo dia.
Abraços querida amiga

Anónimo disse...

Ai que comentário que nossa amiga Moon deixou. meu Deus do Ceu. Claro que foi ela a culpada, que te distraiu, tu não tiveste culpa nenhuma!!!!! e a culpa tambem foi do nevoeiro!!!! Claro!! hihihi

Por isso é que ela não aceita comentários, já percebi!

Então como está o gatinho? é bem teu, caminhadas nocturnas, apanhar gatos abandonados, mas estás feliz e isso é que importa.
Gostei muito do teu texto.
Beijos fofos
Lori

Anónimo disse...

Isa kerida o gatinho tava ali á espera, tudo se conjugou pra o rekolheres, ele só keria amor e kompanhia, enkontrou a familia perfeita.
Fiko contente km o desfecho. Kuanto ao karro, as oficinas tambem precisam de ganhar alguns eurozitos!!

Mas as nossa amigas Moon e Lori são terriveis, eu no teu lugar nem aceitava tais coments, ke pouca vergonha, só voces me fazem rir.
Jokas
Luana

Cândida Ribeiro disse...

Oh Maysha, adorei esta história verdadeira.
É mesmo como dizes...nada acontece por acaso!
Adoro animais e também tenho dois gatinhos: Nima que na Índia significa Sol e Padmé que significa Flor de Lotus.
Gostei muito do teu blog e já sou tua seguidora. Se quiseres aparece pelo meu Mundo Colorido...há sempre muita cor e alegria.

Beijinhos de luz

Mara disse...

Ola amiga, a sensação de se praticar o bem é unica.
Certamente algo bom te está reservado em troca dessa boa atitude. Sabemos que nada acontece por acaso, e tudo se encaminhou, para que encontrasses o bichaninho, para que tambem ele encontrasse a familia que lhe estava destinada.
Logo vou visitar-te e conhece-lo.
Beijos amiga
Mara

Anónimo disse...

Um final de dia abençoado.
Um abraço
Gui

Tétis disse...

Amiga Maysha

O que habitualmente se diz é: "há males que vêm por bem". Eu, contudo, prefiro dizer: "nada acontece por acaso!..."

E não foi por acaso que bateste com o carro (ou melhor, o carro beteu sozinho... rsrsrsrsrs) e foste obrigada a fazer essa caminhada a pé que te permitiu encontrar mais um amigo que decerto muitas alegrias te irá dar.

Li e reli não sei quantas vezes este teu relato enternecedor.

Um beijinho para ti e outro para a Becas, essa linda e terna cachorrinha que não teve qualquer problema em adoptar o gatinho.